Nesse trabalho, deveríamos escolher um espaço urbano perto de onde moramos, analisá-lo usando o Google Street View e depois fazer observações presenciais, prestando atenção no que não era possível analisar digitalmente. Também deveríamos fazer desenhos simples de observação e depois, usando eles como base fazer um desenho mais detalhado do local. 

Para analisar, escolhi uma pracinha perto da minha casa, que oficialmente chama Praça Regina Frigeri Furno, mas na realidade as pessoas só chamam de "Pracinha do Epa" (Epa é o supermercado que tem na pracinha). Escolhi esse lugar porque, além de conhecer bem ele, que passo lá quase todo dia, gosto bastante do ambiente, e de como sempre tem gente lá. Apesar de ter tomado um susto no início com o enunciado grande, gostei muito de fazer esse trabalho. Foi bem legal perceber coisas que eu nunca tinha percebido antes sobre um lugar que eu frequento desde criança.


LOCALIZAÇÃO

A praça fica localizada no bairro Jardim da Penha, em Vitória, Espírito Santo.

ELEMENTOS ESPACIAIS

A praça em questão apresenta diversos elementos espaciais interessantes, tanto em suas limitações quanto nas ruas que a circundam. Dentro da praça, é possível observar diversos bancos, em quase todos os pontos do local. Outros elementos que chamam a atenção são a quadra, cercada por arquibancadas, e o parquinho, que apesar de pequeno, possui os brinquedos mais queridos entre as crianças, como balanço e escorregador. Além disso, é interessante destacar que o espaço é bem arborizado, além de apresentar canteiros de flores bem cuidados. O local também apresenta banheiros (banheiros normais, não químicos). Na rua que circunda a praça, há uma variedade imensa de estabelecimentos, entre eles lojas de roupas e sapatos, farmácia, supermercado, clínica médica, papelaria, loja de esportes, salão de beleza, banco e até um chaveiro e uma assistência técnica para celulares.

Além de todos os elementos já notados digitalmente, na observação presencial, realizada no período da noite, foi possível notar diversas barracas de comida - ou food trucks - ao redor de toda a praça, vendendo uma ampla variedade de alimentos, como acarajé, comida mexicana e doces. Também é comum que moradores dos prédios ao redor da pracinha vendam comidas artesanais. Eu sempre compro bolo de pote de uma senhora que mora lá, e como ela mora no andar térreo, ao invés de ir até o meio da praça vender, simplesmente deixa a janela e o portão da varanda abertos e as pessoas vão até lá comprar. Isso se relaciona com o conceito de “intervalo”, pois, apesar da senhora estar em um ambiente interno, dentro de casa, há uma grande abertura para o ambiente externo, facilitando sua interação com quem passa por ali. Essa possibilidade não existiria se ela morasse no segundo andar, por exemplo. Além das barracas de comida, nesse período do dia são instalados brinquedos infantis maiores (castelo inflável e pula-pula). A junção de todos esses elementos resulta em um ambiente muito convidativo de integração entre as pessoas. Apesar da pracinha em si não ser de fato uma rua, tanto ela quanto a via que a circundam se tornam uma “sala de estar comunitária”: um espaço amplo, confortável e de fácil acesso, onde as pessoas podem comer, conversar, brincar, ou apenas passear.







APROPRIAÇÃO PELAS PESSOAS

É evidente que a praça é um local amplamente utilizado pela população, mas como as imagens do Google Earth foram tiradas durante o dia, e o horário de maior movimentação de pessoas no local é a partir das 17h/18h, não foi possível fazer muitas observações digitalmente. No período da manhã/início da tarde, há poucas pessoas na praça, e, mesmo aquelas que foram observadas, estão em sua maioria apenas de passagem pelo local. A parte da praça mais ocupada durante o dia é o parquinho, no qual as crianças brincam em todos os períodos (manhã, tarde e noite), principalmente nos meses de férias escolares.


Durante a noite, principalmente de sexta a domingo, há uma ampla apropriação do espaço pelas pessoas. A quadra sempre está ocupada por crianças e adolescentes, tanto de fato praticando algum esporte como futebol ou basquete quanto apenas usando o espaço da quadra para correr e brincar de pique. O parquinho abriga muitas crianças pequenas, e por ter bancos em seu interior, é comum os pais/responsáveis ficarem ali conversando, mesmo que não se conheçam. Os bancos sempre estão cheios, de modo que é comum ver pessoas sentadas nas muretinhas dos canteiros para conversar e descansar. Outra apropriação interessante é feita pelos vendedores ambulantes e artistas. É muito comum que pequenos palcos improvisados sejam montados para pequenos shows (geralmente voz e violão). Quanto aos vendedores ambulantes, geralmente estes expõem seus produtos nos bancos, nas muretas mais altas dos canteiros, ou até no chão. É interessante aqui notar como os usos dados a determinados elementos espaciais não são sempre exatamente aqueles que se tinha em mente ao projetá-los. Da mesma maneira que a função principal das bordas de canteiros não é serem um lugar para sentar, a função original dos bancos e muretas mais largas e altas também certamente não é servir como apoio para expor mercadorias, e mesmo assim são esses os usos que esses elementos adquirem. 




TRANSFORMAÇÕES OCORRIDAS


Os elementos físicos básicos não mudaram muito ao longo dos últimos 10 anos. A quadra e o parquinho seguem bem parecidos, apenas foram reformados. Quanto às mudanças que houveram, notei duas positivas e uma negativa. Uma das mudanças positivas é o banheiro, que apesar de existir desde 2011 (ano mais antigo no histórico do Street View), naquela época, além de mal conservado, ficava trancado. Hoje em dia o banheiro foi reformado, e fica sempre aberto ao público. O outro aspecto positivo é a arborização, que cresceu consideravelmente nesses anos. Pra explicar a transformação negativa, vou dar um pouquinho de contexto: ao redor da quadra, desde 2011 é possível notar arquibancadas, que eram usadas para assistir aos jogos (ou como bancos normais), entretanto, a arquibancada também era útil para pessoas que estavam em situação de rua, que a usavam para deitar e dormir. Devido a esse segundo tipo de uso, foram construídas grades ao redor das arquibancadas, com um portão de trinco. Todas essas mudanças, tanto positivas quanto negativas, deixaram o espaço mais ou menos convidativo e aberto para as pessoas. Com certeza, tanto a reforma do banheiro quanto a arborização elevaram o potencial da praça como local de encontro entre as pessoas. Por outro lado, a instalação de grades nas arquibancadas, apesar de afetar principalmente os indivíduos em situação de rua, afeta também aqueles que querem assistir aos jogos que ocorrem na quadra, ou apenas sentar, já que agora as possibilidades de uso do local foram restringidas. Com a grade, só é possível sentar- se nas arquibancadas de frente para a quadra, e antes de sua instalação as pessoas podiam escolher se queriam se sentar viradas para a quadra ou para o resto da praça. Um aspecto interessante sobre a praça é que, por ser um local muito aberto, é possível vê-la por completo de quase todos os seus pontos. Essa facilidade de visão também facilita o contato social.




DESENHOS DE OBSERVAÇÃO





DESENHO MAIS DETALHADO


Esse aqui eu cometi o erro de colorir, tava bem mais bonitinho em preto e branco, mas tudo bem.











 


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